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Resenhamos lançamentos recentes (ou quase) de literatura pulp

Breve: Resenha de "The Colorado Kid", de Stephen King, um lançamento do selo Hard Case Crime.

O último livro de Stephen King
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arte de Glen Orbik

Antonio Luiz M. C. Costa, um dos editores da revista CartaCapital, resenha o último livro de Carlos Orsi.

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o segundo livro de contos de Carlos Orsi

Física, Bruxaria e Jeitinho

Se ouvirem o nome do jornalista e escritor Carlos Orsi, nove entre dez fãs da literatura fantástica brasileira o associarão a H. P. Lovecraft. Orsi tomou esse autor dos anos 20 e 30, sucessor de Edgar Allan Poe e precursor de Arquivo X, como guia de suas primeiras histórias de ficção científica, terror e história alternativa, muitas das quais o mestre e suas criações. Mas os seis contos de Tempos de Fúria revelam um Orsi com estilo próprio e mais versátil.

Pressão Fatal, conto policial em clave de FC hard à Isaac Asimov, mostra competência no manejo literário das leis da ciência real. Já em Planeta dos Mortos, igualmente ambientado em um planeta Vênus em vias de colonização humana, Orsi deixa o rigor de lado e inventa uma "ciência alternativa" inspirada em Wilhelm Reich para tornar possível uma narrativa de terror lovecraftiano explícito. Os demais contos se inserem no melhor da jovem tradição tupinipunk. Magia, rigor científico e clichês da FC revezam-se para caricaturar e amplificar nossos conflitos sociais e contradições éticas com lucidez e humor negro. Destaque para Questão de Sobrevivência, no qual um movimento radical, defensor sincero dos miseráveis de um futuro assustadoramente próximo, subsiste à custa de pactuar com o crime e a corrupção.

[Primeiro publicado na CartaCapital de 15 de novembro de 2005, e reproduzido com a permissão do autor.]

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"Wolves Eat Dogs", Martin Cruz Smith. New York: Simon & Schuster, 2004, 337 páginas.
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Martin Cruz Smith tem cultivado ao longo dos anos a série de ficção de detetive protagonizada pelo policial russo Arkady Renko, iniciada com o famoso romance "Parque Gorky" (e prosseguida com "Estrela Polar", "Praça Vermelha" e "Havana"). Renko, que já teve muitos altos e baixos em sua carreira (indo de inspetor a persona non grata do PC), agora é investigador sênior em Moscou.

Renko abre o romance na cena de um suicídio, cometido por um magnata novo russo, Pasha Ivanov. Apesar da pressão da empresa de Ivanov, a NovoRus, Renko acaba descobrindo que o empresário havia cometido suicídio motivado por um envenenamento radioativo, com césio 136. A investigação e a revelação são muito bem conduzidas, com um subenredo tratando do estranho relacionamento de Renko com um garoto órfão que vive em um abrigo: Zanhya, que é fascinado por contos de fadas russos (a muito citada bruxa Baba Yaga) e por xadrez, mas que nunca se comunica com Arkady.

O romance então dá um salto e leva o detetive a (de todos os lugares possíveis, Chernobyl), pois o outro sócio de Ivanov, Timofeyev, foi encontrado morto em um cemitério da Zona de Exclusão Radioativa. Renko passou por Moscou, pelo Círculo Polar Ártico, pela Alemanha Oriental, por Havana, e agora vai a Chernobyl, na Ucrânia.

O romance então passa a girar em torno da Zona e seus personagens: Alex e Eva; os irmãos Woropay e o capitão Marchenko; a família Katamay; o casal Maria e Roman, camponeses do lugar, etc. A descrição da Zona é impressionante na sua mistura do lúgubre, da desolação tipo pós-holocausto, com o lírico da natureza recompondo-se pela ausência do ser humano. Ao contrário do que parece, os efeitos nocivos da radiação são discretos em Chernobyl -- ou muito menores do que os efeitos nocivos da ocupação humana.

Desde o início da série, Smith trabalha Renko dentro da tradição do romance "hard-boiled" iniciada por Raymond Chandler. Seu detetive, Arkady Renko, leva ao extremo a capacidade mostrada por Philip Marlowe, o detetive de Chandler, de fazer o enredo avançar metendo-se em encrencas em que é surrado ou confrontado com a morte (quase) certa. Aqui a sua também característica impertinência não apenas provoca a ira do chefe de segurança da NovoRus, como se mete no caminho dos esquemas locais de caça e desmonte ilegais de ferro-velho dentro da Zona de Exclusão. Quem, contudo, é a ameaça maior e o responsável pelas mortes, é um segredo que se desvela apenas no instante mais preciso.

Também nos perguntamos se Renko, que até então parecia não ter nada a perder, após a morte de sua amada Irina, em "Havana", sobreviverá a um novo grande amor.

A condução de Smith é sempre perfeita e todas as outras qualidades que fazem um grande romancista também se encontram perfeitamente afinadas, na sua escrita: diálogos dinâmicos e irônicos; descrições do ambiente que iluminam o íntimo dos personagens; caracterizações redondas e idiossincráticas dos personagens, garantindo-lhes individualidade e interesse. Nos romances de Martin Cruz Smith sempre há personagens um pouco (ou muito) desviantes da racionalidade, mas ele tem o toque genial de fazer com que essa loucura pareça refletir a incensatez do tempo e do lugar. O mundo que ele retrata se encontra fora dos eixos, mas seus protagonistas encontram em seu próprio código de conduta a firmeza de que precisam não apenas para poderem operar nesse terreno moralmente incerto, mas para não deslizarem definitivamente para dentro da loucura.

A capa da edição original da Simon & Schuster é péssima sem uma falta de especificidade e de elemento humano. Em correspondência com o autor, tivemos a confirmação de que também ele não gostou: "Concordo com você quanto à capa de 'Wolves'; os editores não conseguem resistir ao óbvio."

Falamos também com o pessoal da Editora Record, do Rio de Janeiro, que vinha publicando os livros do autor, até o seu penúltimo, "December 6". Não obtivemos confirmação de que eles pretendem publicar esse romance, ou "Wolves Eat Dogs". Aparentemente, e infelizmente, não.

-- Roberto de Sousa Causo

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Escrever com o Coração -- conheça a página pessoal do escritor Roberto de Sousa Causo